segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O perigo do silogismo...


Em economia, "Bem", é qualquer coisa que satisfaça uma ou mais necessidades do indivíduo, e a exceção dos bens naturais (água do mar, luz do sol e ar atmosférico), todos são regidos pelo princípio da escassez, haja vista que precisam ser produzidos para serem consumidos, a esses bens regidos pelo princípio da escassez é dada a denominação "Bem Econômico", no capitalismo, os bens econômicos, em regra, não produzidos pelo consumidor final, logo, são produzidos por um indivíduo que vende a outro sua força de trabalho em troca de um salário referente à produção daquele bem econômico produzido com o intuito de ser enviado ao mercado, a esses bens econômicos produzidos a fim de serem enviados ao mercado, da-se a denominação de "Mercadoria", esta última que por sua vez, será adquirida no mercado por outro indivíduo -que geralmente não a produziu- em troca de dinheiro, para ser consumida por este.

Então:

O Ser-humano tem necessidade do outro para satisfazer suas necessidades afetivas intrínsecas e só pode realmente satisfaze-las em sociedade, logo o outro é um "Bem", considerando que não podemos conviver com todas as pessoas do Mundo, o outro é escasso e, portanto um "Bem Econômico" que por sua vez, em regra, não foi produzido por nós, mas por outro indivíduo que o inseriu em sociedade, levando em conta que o mercado acontece dentro da sociedade, o outro está inserido no mercado, e logo que preciso do mesmo para satisfazer uma ou mais necessidades, devo ir ao mercado no intuito de adquiri-lo e, se ele está no mercado para ser adquirido, é uma mercadoria, se é uma mercadoria, careço de dinheiro para compra-lo e finalmente consumi-lo e satisfazer minhas necessidades.

Olha o tamanho do absurdo!!!!!!
Muita calma agora, essas primeiras são apenas considerações expositivas utilizadas por mim para exemplificar o quão perigoso, podem ser as comparações feitas por nós.

A primeira parte refere-se a coisas, a segunda a pessoas, como não gosto muito de falar de coisas, vou direto para as pessoas.
De fato, temos necessidade do outro, aliás, isso faz parte da natureza evolutiva do Ser-humano, mas essas necessidades são supridas dentro de um contexto de participação e troca de experiências pessoais, não numa relação de dominação ou ainda, de comércio.
Não sei se estou certo -geralmente não estou- mas vejo constantemente pessoas se usando e impondo suas vontades coercitivamente umas as outras, em relações de uso, barganha, comércio ou dominação, quando não todas em concomitância.
Disso, surge um dos fatores mais nocivos que podem ocorrer dentro de uma sociedade: As pessoas passam a temer envolvimentos afetivos motivadas pelo utilitarismo praticado contra elas outrora, e quando não se isolam, reproduzem isso submetendo o outro ao mesmo tipo de condição passada por ela anteriormente, criando assim um ciclo vicioso de "relações de consumo" interpessoal.
Isso só pode ser superado com uma nova abertura as possibilidades apresentadas e cosequentemente, com o destemor às relações afetivas de modo a conceder ao outro a oportunidade de se aproximar e dividir suas experiências, sejam boas ou ruins, suas alegrias e tristezas, enfim, sua vida.

Claro que toda (ou quase toda) teoria é mais bonita do que a prática!

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