sábado, 30 de janeiro de 2010

Depois do porre...

Escrevo, apago, re-escrevo tudo de novo, considero as contingências e não consigo pensar em nada mais claro do que apenas um parêntese aberto -e fechado- em meio a tanta confusão de idéias e sentimentos guardados ou não, todos que explodiram no peito e tumultuaram a razão de quem jamais se arriscaria a dizer algo que não tivesse sido muito bem avaliado sob todos os aspectos e, submetido tudo ao impiedoso crivo da razão prática.
Um belo porre serve para muitas coisas, e considerar contingências é uma das mais importantes: Se a idéia permanece depois da ressaca, é verídica, se não permanecer, já foi abandonada e de nada serve. A grande questão é quando as idéias são comparadas, nesse ponto eu não tenho certeza de que se uma delas deve obrigatoriamente permanecer ou, se comigo foi mero acaso e com três ou quatro cervejas a mais eu poderia ter me desfeito de ambas...
Das idéias crivadas, restaram duas: Capaz de amar eu sou, de não amar também. Por conveniência, descartei a primeira... Será que permanece a segunda então?

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Porque eu ainda mantenho o "Aborto"?

Cecília Meireles me explicou...

Motivo.

"Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste :
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
– não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
mais nada."

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

"Antologia".

Quando eu nasci, dizia Drumond, "um anjo torto desses que vivem nas sombras disse: Vai Carlos! ser gauche na vida", e eu fui. Naquela décima quinta manhã do segundo mês no milésimo noningentésimo octogésimo sexto ano da era cristã, à metade da hora que antecede o meio do dia -ou uma hora antes dessa, já que o horário, era de verão.
Antes de chegar, já no sábado que antecedia o momento primordial à minha existência, o povo saía as ruas em festa, e na segunda-feira, o comércio não abriu, e na quarta todos vigiaram, quase como se soubessem o que acontecia ali, naquela Rua Pouso Alegre 2111, no bairro de Santa Tereza em Belo Horizonte, à pouco menos de um mês para que sejam 24 os anos passados.
Quando eu nasci, não poderia ter seguido melhor o conselho desse anjo torto, não poderia ser mais contrário ao Direito... Quando eu nasci, a terça-feira, era de carnaval.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Nudez verbal livre de culpas.

No verso censurado a palavra pensada e não dita, na idéia cerceada um devaneio a moda de menos... Mas uma idéia capaz de me fazer duvidar assim em todo tempo, merece um pouco mais de atenção.
Longe da logomaquia que afasta o ente do que é, apagam-se as luzes e as verdades mostram seus rostos de fome e medo -ou suas caras lavadas- nada se esconde aos olhos atentos de quem quer ver até o que não lhe cabe saber.
Como são pobres de gosto essas bocas ordinárias, proferem palavras que nem ao menos sabem o significado, lançam beijos -de Judas- a esmo e pregam numa cruz de tolices até o próprio dicionário que os poderia salvar de tamanha ignorância, mesquinha ignorância.
Eu me divido em tantas partes quanto for conveniente, hora lido a faina que mesmo sendo ingrata é justa (justa não com o mundo, mas comigo), hora busco a fugaz emoção que vem com os prazeres efêmeros... Mas agora, só despejo meu sangue e suor para escrever o que ninguém quer ler e, não falar o que não quero dizer.
Mais tarde, no fim de tudo, me cato, recomponho-me e costuro os pedaços, mas das partes que ficaram para trás, não sentirei nem à falta.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A falta de ter seu tempo em mim...

Os dias que se arrastam e se escondem atrás de copos e garrafas, não encontram um fim em si mesmos, mas antes, esperam, esperam para que suas horas sejam dissipadas na fumaça que solto pela minha boca e, que se dilui no ar, quisera eu ser auto-suficiente, mas me basto tanto quanto as horas carecem da fumaça para passar.
Já bradei que sou livre, autônomo independente e auto-interessado, já brindei à minha felicidade incomodada... Quantas mentiras contamos para nós mesmos. Quantos "Abortos" mais terei de praticar antes que possa parir uma idéia que livre de todas as outras idéias, dessas incitáveis e inúteis idéias?
A falta de ter seu tempo em mim vem acompanhada de uma pequena ponta de desespero, não aquele desespero "this is the end", mas daquela agonia de quando nada acontece, enquanto eu perco meu tempo me escondendo atrás dos copos e das garrafas sob a fumaça.
Se de fato existir uma hora que seja propícia à caminhar com o tempo, devo fazer com que seja essa...

sábado, 23 de janeiro de 2010

Eu quis te ter, não deu... Fico comigo mesmo então!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Testamento da Ira.

De cujus sucessione agitur.

Deixo para cada um dos que ficam um pouco de mim. Deixo a cada um dos herdeiros do caos uma pequena parcela do meu ódio, da minha raiva e do meu desprezo. A prepotência levo comigo, isso já lhes sobra como em mim.
A execrável farra ainda não encontrou seu fim merecido, mas quando encontrar, eu estarei de camarote assistindo aos lamentos dos criadores dessa insalubre lide e, me deleitando da desgraça alheia, o altruísmo, também não deixo, pois como já disseram, desconheço tal virtude. Ficará de mim o que de pior aprendi a fazer e desejar ao longo do tempo; ficará o que essas miseráveis almas gostam de lembrar, de resto, o que é meu, levarei comigo e, não me importo em permitir que cada um assuma sua parte desejada nesse tesouro de merda que juntaram e eu, deixo pra trás.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Actor potius credendum est.

Meu silêncio no que diz respeito à assuntos de cunho social com valor moral dubitável -bem dubitável- e pouco ou nenhum altruísmo, se fez bastante oportuno, já que vontades carregadas de segundas intenções não são novidade pra ninguém. Então me atenho a escamotear as terceiras, quartas até as décimas intenções e, seguir piamente o conselho de René Descartes no que diz respeito à não acreditar em nada sem antes ter duvidado.

Bons são os dias, de resto, ninguém presta...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Na iminência da ressaca moral.

Cuidar de tudo, controlar todas as coisas... Não da pra abraçar o mundo com as pernas, algumas coisas, simplesmente ficam no tempo em que aconteceram e, cada coisa tem seu tempo de acontecer.
Certos acontecimentos tomam uma forma tão abstrata quanto à do próprio tempo em que ocorreram; são essas coisas -concausas- que independem das ações voluntárias de quem praticou os atos, que geram as maiores consequências, já que à conduta praticada pelo agente, são somados os reflexos da idiossincrasia alheia. Esse conjunto de circunstâncias, jamais pode gerar um resultado previsível, e no final das contas, sempre me pergunto: “O que foi mesmo que aconteceu naquele dia?”, ao que respondo: “Sei lá, eu tava doido pra caralho!”.

Tentar controlar todas as coisas, não é das melhores idéias, beber demais também não já que tudo sempre foge ao controle... É realmente uma pena eu só me lembrar disso depois de encher a cara.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Na falta de coisa melhor...

Os sapos do meu jardim!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Conheceis a verdade, ninguém vos libertará.

Verdade é que toda consciência acusa de alguma coisa, mas como seres autônomos e auto-interessados que somos, vivemos dentro do princípio do "actio libera in causa", ou seja, possuímos o direito de agir segundo nossos próprios preceitos e arcar com as consequências disso... e as consequências virão, há se virão!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

domingo, 10 de janeiro de 2010

"E o sol nas bancas de revista"...

Enquanto caminho entre o impulso revolucionário e a vontade de não me importar vou vendo como as coisas são e descobrindo como cada um pode ser tão contraditório em seus modos de agir e de falar, esse tipo de atitude me remete ao período de ditadura passado pelo Brasil entre 1964 e 1984, então trocando em miúdos...

Edson Luís de Lima Souto foi o primeiro estudante a ser oficialmente morto pela polícia durante a ditadura militar em 28/03/1968, digo oficialmente, porque não havia como negar que o jovem havia sido morto pelo aparelho repressor, haja vista que ele foi morto durante um protesto em frente ao restaurante chamado "Calabouço", onde após a chegada da polícia foi onde os estudantes se abrigaram e, que logo em seguida foi invadido pela polícia, durante a invasão do restaurante, um policial atirou a queima roupa em Edson que morreu de imediato, a morte só foi assumida pela polícia, porque os estudantes não permitiram que o corpo fosse levado para o IML (ou para algum outro lugar desconhecido) e o carregaram em passeata até a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, o que impeliu o Estado a se responsabilizar pelo Homicídio.
Os mortos oficiais desse regime são raros, haja vista o mais famoso caso de "desaparecimento" ocorrido durante o período da Ditadura Militar no Brasil. Stuart Edgart Angel Jones, dado como desaparecido em 1971, segundo relatos, foi torturado e morto cruelmente com a boca colada no "cano de descarga" de um carro, mas esse infelizmente não é o único caso de desaparecimento mal esclarecido durante o período e que perdura até hoje.
Entre as práticas que marcaram a ditadura, a tortura se põe como uma das mais relevantes, agraciados no fim do regime com a anistia -há quem diga que a anistia foi concedida como escusa para os militares e que os manifestantes políticos entraram apenas como pretexto- os torturadores não foram responsabilizados pelos crimes praticados durante o período e, o regime se justificou dizendo que, "erramos, mas são coisas que ficaram para trás e não aconteceram mais", ou coisa que o valha.

Só pra situar o que acontecia:
01) Escola. "O estudante Afonso Celso Lana Leite, 25 anos, preso em Minas Gerais e transferido para o Rio de Janeiro, denunciou ao Conselho Militar que o interrogou, em 1970, ter sido torturado em instruções ministradas a oficiais no quartel da PE e na vila militar:”
“(...) que, no dia 8 de outubro na P.E. 1, posto de Segurança Nacional, quando era ministrada uma aula, na presença de mais de cem pessoas foram trazidos para aquela aula companheiros e, nesta ocasião, passaram filmes de fatos relacionados com torturas e em seguida era confirmada coma presença do denunciado, naquela ocasião também, torturados; ocasião esta coincidente com seu depoimento; que estas torturas, ou seja, as acima descritas, se repetiram na Vila Militar. (...)"*

02) Os Tipos: Pau-de-arara, choque elétrico, afogamento entre outros, mas o que mais me encabulou foi o uso de insetos e animais...
Declaração de interrogatório feita "Lúcia Maria Murat Vasconcelos, 23 anos, estudante...
(...) a interrogada quer ainda declarar que durante a primeira fase do interrogatório foram coladas baratas sobre o seu corpo, e introduzida uma no seu ânus. (...)"*
*Fonte: Um Relato para a História, Brasil: Nunca Mais 17ª edição, Editora Vozes, Petrópolis, 1985 (não cita o autor, acho que por motivos óbvios).

Esses fatos ocorreram entre 1964 e 1984, mas hoje a situação não é tão diferente, apenas não temos a "tortura oficial", mas arbitrariamente ela ainda existe e está tão viva quanto eu, e existem alguns mentecaptos -fascistas- que se denominam juristas e a justificam como "estado de necessidade". Essa discussão que vem de longa data e, faz parte dos resquícios de um sistema falido é fomentada pelos que buscam justificar suas práticas nada louváveis sob os distúrbios e desacertos de uma sociedade doente e que é patrocinada por ma instituição falida.
O Estado, digo a Instituição Estatal que representa -ou deveria- a Democracia e o Povo, não pode escamotear sua incompetência e intempestividade atrás das falhas do indivíduo que assume um comportamento tangente as regras morais que regem o sistema estabelecido por nós mesmos, e esse é à meu ver, o único ponto de vista considerável nesse debate que tem como pauta a total submissão e consequente destruição moral do indivíduo que é exposto a essa execrável prática da tortura.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Falha na conexão...

O que foi visto e causou à discórdia tinha outro endereço, não fazia parte do compêndio de destinatário certo que havia dominado o lugar que antes era para as outras idéias. Quem acolheu e decidiu que seriam suas aquelas palavras, se quiser permanecer com elas já tem o remédio, se não as quiser tenho outras, iguais ou melhores. Não sou eu quem vai escolher quais serão usadas, mas alguma dessas, com certeza vai aparecer.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

"Terceira Lei de Newton"

"Para cada ação há sempre uma reação, oposta e de mesma intensidade."

Os reflexos do que fazemos sempre nos acompanham independentemente de termos ou não desejado produzir o resultado gerado no fim da ação. Eu até poderia chamar isso de "culpa consciente" ou "dolo indireto em relação ao resultado" e seria bem mais conveniente agora, mas se trata mais de arcar com as consequências do que eu fiz do que tentar me desculpar por ter alcançado um resultado que eu não pretendia.
Fiz o que eu queria sem pensar que de repente estaria mais ferindo alguém do que manifestando uma vontade unilateral. Pensei em cada palavra para ser dita naquele momento, mas no meio do caminho fui surpreendido por um fator subjetivo que mudou toda a situação em fração de segundo e, como não podia deixar de ser, acabei por mostrar meu lado intempestivo mais uma vez e derrubei todo o "planejamento" morro abaixo.
Por saber o que queria sem saber como conseguir e, tendo em vista a iminente perda, fui tomado por um medo imbecil e assumi a postura mais covarde que poderia ter assumido naquele momento e, como consequência disso, acabei perdendo mais do que eu supus que perderia e o pior foi ferir quem eu mais queria que estivesse protegida...

Guardei meu melhor, mas só consegui mostrar o que não prestava... Quanta incompetência!

Que a vida não seja simplesmente à espera da morte...

"Rogo a todos os deuses
Jah, Tupã, Cristo, Oxalá, Shiva e Alá
E tantos quantos forem que despertem ou não suas forças
E façam o homem sentir na pele a dor, ou o prazer
Causado por cada ato ainda antes de o cometer
E que cada mariposa voe o mais alto que conseguir antes de morrer
Que o fio da vida não seja medido pela comparação ao alheio
Que o cheiro da terra molhada seja sentido
cada vez e mais e mais vezes
E a muralha que separa os corações seja pulverizada
E a cultura massificada e não banalizada"
Djambê.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Dante.

"Lasciate ogna speranza, voi che entrate!"

Dois dedos de absinto e completa com cicuta por favor...

As entrelinhas geralmente dizem mais do que o conteúdo explícito do texto, mas saber ler essas entrelinhas, não é tarefa fácil nem aos mais entendidos. Deixar coisas tácitas para que sejam entendidas ao gosto do interprete é algo que me agrada fazer, mas que não me agrada encontrar. Na verdade gosto de escrever de forma implícita, falar de maneira clara e aberta, ler e ouvir da mesma forma.
Graças ao trabalho matinal não tenho mais as madrugadas para estar aqui e pensar em coisas para esconder entre frases e linhas então, só me resta reafirmar o que já havia dito antes, tentar ser menos preocupado nesses dias que se seguem e, que são banhados por um leve toque de arrependimento com doses cavalares de cicuta para matar a vontade e alimentar essa tendência a sacrificar os princípios para me acomodar às circunstâncias... ODEIO ISSO!

domingo, 3 de janeiro de 2010

O mais que eu vejo, o menos que eu sei...

Algumas coisas que acontecem as vezes, nos perturbam o suficiente para que hora ou outra voltemos a pensar em tais fatos e nos envolvidos, que em muitas das vezes não consentiram em protagonizar essas histórias, mas o que mais me impressiona nisso tudo, é a capacidade que temos de submeter o outro à situações no mínimo cruéis e completamente desnecessárias.
Eu demorei muito para entender o que fiz, na verdade, acabei de descobrir o tamanho da merda e, por incrível que pareça, não foi o fato de geralmente eu agir sem pensar que causou toda essa confusão, foi eu ter pensado errado e como consequência disso ter agido errado. Tentando mostra-la o quanto a queria bem -e bem mais do que era- acabei gerando um mal estar mutuo e um possível "rancorzinho" e isso, mais do que importa pra mim, me tira o sono num 02 de Janeiro que foi antecedido por dias auspiciosos.
Os textos imorais, eu guardei, ninguém vai ler, seguindo essa tendência de sacrificar os princípios, para concordar com as circunstâncias e acomodar-se a elas (oportunismo), muito embora todos os conteúdos transcritos nesses "textos que ninguém quer ler" sejam dotados de incontestável veracidade e correspondam a tudo o que se passava aqui, mesmo que a única pessoa com que eu me importava que acreditasse, não creia em uma única linha.

And no one dared disturb the sound of silence...

sábado, 2 de janeiro de 2010

Ressaca e céu azul...

Todo tempo é tempo e, hoje é o tempo certo para colher as bombas plantadas no jardim e desarmar as flores lançadas sobre meu telhado, nos beirais ainda crescem capins mais verdes que a frugal esperança dos que não viram a noite que clandestinamente tornava-se o dia que irrompeu triunfante, a noite que passou fugazmente entre garrafas, copos, guimbas e fumaças e, que trouxe consigo uma leve brisa com cheiro de vida, gosto prazer e sensação de mudança. Tudo muda, muda o tempo, mudam as bombas, as flores, a vida e, a multidão, façamos então todas as mudanças valerem a pena, o tempo novo começou, mas se não nos movermos tudo será como antes...

Bom ano todo aos loucos que curtem ler essa bodega, todos os dias ainda são bons...

Hasta la victoria siempre!