sábado, 31 de outubro de 2009

Efetividade social das Normas Jurídicas: Medo ou Respeito?

O pressuposto mais fundamental à pacífica convivência do indivíduo com a sociedade que o cerca, é o respeito pelo espaço alheio, sendo o Direito, o instrumento utilizado pela sociedade para regular suas relações interpessoais, por meio de Normas Jurídicas.
Essas normas têm como objetivo principal, manter a organização social norteando as relações do indivíduo com a sociedade que o cerca tornando a sociedade uma instituição pacífica e capacitada para atender o indivíduo, em suas necessidades básicas, portanto os limites das ações individuais, além de serem estabelecidos pelas normas morais de conduta social, são regulados legalmente pelo Direito e devem ser respeitadas pelo interesse em manter a cordialidade entre os agentes participantes dessa sociedade e, não pelo temor da punição legal prevista para os que descumprem as previsões estabelecidas pelas Normas Jurídicas vigentes.
Ora se o indivíduo passa a respeitar a Lei por temer sua punição, perde a noção de respeito ao seu semelhante tornando-se assim, capaz de despojar-se do medo da punição previamente estabelecida criando os meios necessários para cometer atos de violência contra seu próximo. Partindo desses pressupostos, imaginemos uma sociedade onde todos respeitam a Lei por temerem a punição legal imposta pela Lei: Tudo transcorrerá em harmonia enquanto os indivíduos inseridos nessa sociedade temerem a punição, porém se deixarem de teme-la, poderá ocorrer dentro dessa sociedade uma sucessão de delitos e crimes de toda sorte cometidos pela sociedade contra ela mesma. Para exemplificar tais circunstâncias, podemos citar a situação do Rio de Janeiro, cidade onde o crime tornou-se um fator patológico dentro da sociedade; Muito disso se deu graças corrupção das instituições estatais e pela violência excessiva e desnecessária praticada por essas, criando os principais fatores que motivam o comportamento criminoso na supracitada capital, sendo a violência praticada pelo Estado –por meio da polícia- retribuída com a própria violência praticada pelos criminosos contra as instituições do Estado e contra a própria sociedade, e a corrupção o fator de desestimulo à punição prevista pelos dispositivos legais.
Mas se ao invés de medo, o respeito à Lei for norteado pela consciência ética e moral de cada um dos indivíduos nela inseridos, a tendência que surgirá dentro dessa sociedade é justamente o oposto do exemplo anterior, sendo nesse caso a cordialidade plena e a convivência pacífica dos indivíduos com o todo, obviamente os conflitos sempre existirão, mas serão dirimidos de maneiras diversas a violência e a necessidade de intervenção estatal será mínima, logo o respeito mutuo e a moral social são instrumentos mais úteis e eficazes do que o temor da punição para a organização e manutenção da sociedade.

Capitu.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

30 de outubro...

Dizem as más línguas que amanhã é dia das bruxas, mas pra mim, a bruxa já está solta... E há muito tempo!


"Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay".
(Cervantes, se não me engano.)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Notas à parte...

Miles Davis é sempre bom quando não se tem nenhuma idéia do que quer escrever, não sei se isso se dá pela liberdade, ou pela nostalgia que a música passa.

Boa notícia: Achei meu livro de Ferreira Gullar, estava dentro do meu guarda-roupa, por isso a demora no reaparecimento da obra.

Má notícia: Não achei em Gullar a expressão do que quero escrever, apenas uma lacuna que se segue:

"-porque o poema, senhores,
está fechado:
'não há vagas'

Só cabe no poema
o homem sem estomago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira".
(Fragmento de "Não há vagas", Ferreira Gullar)

Hoje o "Eu" não cabe em mim, não há espaço para as lamúrias oriundas das idiossincrasias alheias, e mesmo que eu me sinta perturbado por isso, não dobrarei os joelhos frente a esta ingrata faina e, não darei ouvidos a essa voz que diz para berrar o tamanho dessa ignorância, a vida é como o poema, "não há vagas", mas se estamos sujeitos ao devir eterno, esse ciclo infinito de transformações há de se encarregar de curar as feridas desse tempo, trazendo novas batalhas e novos amores.
Todos os dias ainda são bons!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Madrugada.

Do fundo de meu quarto, do fundo
de meu corpo
clandestino
ouço (não vejo) ouço
crescer na noite e no músculo da noite
a noite

a noite ocidental obscenamente acesa
sobre meu país dividido em classes.


(Ferreira Gullar, abril de 1971)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sem olhos e sem dono.

"RIO DE JANEIRO - Já me perguntaram e eu mesmo me pergunto qual seria a imagem mais completa e dramática do abandono, da desgraça, da miserabilidade. Respondo aos outros, mas nem sempre tenho coragem de responder a mim: a do cão cego e sem dono. Ou pior: a do cão sem dono e cego. Deve parecer exagero atribuir a um cão um dos atributos mais comuns à espécie humana. Mas o homem tem sempre uma alternativa, a de acabar com tudo quando nada mais suportar. Já disseram que o único problema que realmente enfrentamos é o suicídio, uma capacidade que os animais não têm, exceto, segundo já me disseram, mas não tenho certeza, o escorpião. Além de dispor de uma saída radical para a miséria e o abandono, o homem é responsável, até certo ponto, pelo seu destino. Há sempre uma esquina errada que ele dobrou pela vida afora e cujo preço pagará inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde. O cão sem dono e cego é uma coisa viva e sofredora, sem apelação, pior do que inútil e desgarrado, pior do que desesperado, pois adquire a mansa lucidez de sua tristeza, de seu abandono, e desconfia de que nada possa mudar o seu destino. À esta altura da crônica, antes que o possível leitor me faça, faço eu mesmo a pergunta: por que estou escrevendo um texto tão triste, tão despropositado e, acima de tudo, tão discutível? Afinal, eu não sou cego, ainda não cheguei ao ponto de me considerar um cão e tenho muitos donos, donos demais. De que estou reclamando? Não sou pago para escrever sobre um assunto que nem merece a condição de assunto. Mas escrito está. Ontem, esbarrei com um cão sem dono e cego, que mancava de uma das patas, os olhos vazados não me viram, mas ele deve ter sentido o meu cheiro, a minha catinga humana. Vagava sem rumo aqui na Lagoa. Não o trouxe para casa. Quem é mais miserável?"

(Carlos Heitor Cony)

Cavilação.

Os opressores arrancaram a bandeira erguida pelos revolucionários sob a égide da liberdade, os homens esqueceram-se do rosto da verdade e vestiram suas mascaras de demagogia e usurpação, a usura do poder cegou àqueles que um dia lutaram pela igualdade e pela liberdade e assim, deram grossas vistas à Justiça para que só enxergasse a eles e aos seus, destruíram a senda por onde trilhavam a curtos passos os que buscavam o caminho da evolução e construíram uma estrada para o caos.

sábado, 24 de outubro de 2009

Nada mais...

Postagem parcialmente "suprimida".
Nada de mais, nada que se enquadre nas minhas predileções, resumindo, nada de nada, nem assuntos a tratar que já não sejam conhecidos.

Sei que soco milhares de facas, mas nada mais me faz pensar além de você, sei que não sou eu, sei que eu não devo e, sei que eu não posso ter; Mas é você quem me faz perder o sono em várias noites sem sentido.
A estupidez da insistência me faz perder o medo do NÃO iminente e, me faz voltar sempre pra onde eu estava. Eu sei o que eu disse, mas sobre tudo, sei o que ainda sinto... E sofro pro isso
!



A ingrata pantera engole o escarro e, me faz lembrar do beijo que não aconteceu.
Perdão família insurrecto!!!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Refutação Humeniana.

O Empirismo de David Hume, não supre minha ânsia de conhecimento, haja vista que para Hume, as únicas coisas realmente inteligíveis, são aquelas que o corpo pode absorver experimentalmente como produto dos sentidos, transformando-as em "impressões" e essas em idéias. Esse caminho dos sentidos, proposto por Hume, deve ser feito, de uma maneira que permita também faze-lo inversamente, ou seja, a idéia formada a partir da impressão do sentido, após ser formulada, deve também permitir que seja gerada uma impressão condizente ao sentido estimulado pela experiência anterior, de modo que se não for possível refazer esse caminho, essa idéia, não corresponderá a realidade do mundo exterior.
Em Hume podemos perceber que as "impressões" proporcionadas pelos sentidos, nunca possuem semelhança entre si, e mesmo as referentes a um mesmo objeto serão diferentes quando se derem em tempos distintos, pois que se todas as coisas estão em constante transformação, não poderão se manifestar da mesma maneira em dois tempos diferentes.
Propõe ainda, que não existe conhecimento de fato, mas sim crenças formuladas através das experiências proporcionadas pelos sentidos, sendo que também estas estão sujeitas as constantes mudanças que ocorrem no mundo.

Esses argumentos lançados por Hume, são em meu entendimento, demasiadamente suscetíveis de desencontros e contradições em si mesmo, haja vista que se tudo que o indivíduo pode conhecer são as impressões dos sentidos, e essas, são sempre mutáveis, todo conhecimento é de segunda mão, posto que o conhecimento se da pela experiência, pelo hábito e pela repetição e, não há fixação do conhecimento, considerando que todas as coisas, estão em constante transformação.
A tese epistemológica Humeniana, em minha visão subjetiva, incorrerá sempre em um ceticismo extremo, graças às mudanças constantes propostas pelo supracitado autor empirista, isso porque se até a própria crença -posta no lugar do conhecimento- está submetida às mudanças, e essas são provenientes das experiências, até a veracidade da experiência é posta em cheque de modo que, se as crenças são jogadas por terra, o indivíduo perde sua noção do mundo exterior e, como não há síntese de conhecimento em Hume, ou seja, o indivíduo não é capaz de ligar logicamente uma ação a seu resultado, torna-se impossível restaurar as crenças deturpadas, bem como repetir a própria experiência, já que tudo e todas as coisas estão em constante transformação e uma impressão jamais será igual à outra.

Dito isso, podemos concluir que, para Hume ao invés de produção de conhecimento, existe apenas reciclagem de crenças e impressões; Coisa que eu, me recuso a aceitar.

domingo, 18 de outubro de 2009

Civilização Solidária.

sábado, 17 de outubro de 2009

Levantem-se!!!

Não entregue seus dias à mediocridade de quem não conhece as maravilhas da vida livre, aproveite intensamente os prazeres proporcionados pela busca do coração inabalável da verdade bem redonda e a Justiça -Deusa dos muitos rigores- a de acolher-lhe com afagos infinitos, erga sua cabeça, levante-se e lute contra a estagnação dos que esperam pequenas migalhas condescendentes aos seus pequenos sonhos, somos mortais, mas temos o poder de transformar todas as coisas... E os deuses nos invejam por isso!

Das glórias e dos tormentos é feita a vida, erga-se e a batalha não estará finda após esse dia.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"Versos Íntimos".

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


(Augusto dos Anjos)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Das Pessoas...

Existem diversas "qualidades" de pessoas; As que se movem, as que têm preguiça, as que se negam, as preferem entregar seus dias a mediocridade de quem não enxerga as lindas possibilidades oferecidas pela vida e tantas outras ainda.
Eu não me vejo em nenhum desses "grupos", mas ao mesmo tempo sei que pertenço a todos... Só me recuso a entregar meus dias à mediocridade!!!

Ressurgindo das cinzas; Todos os dias ainda são bons!
Salve, salve insurrecto coletivo.

"Os Insetos interiores".

Notas de um observador:

Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.
Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.
Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.
Assim são os insetos interiores.

A futilidade encarrega-se de maestra-los.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.

Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.
A família.
São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, in(f)vertebrados.
Arrancam as cabeças de suas fêmeas,
Cortam os troncos,
Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.
Esquecem-se de si.
Pontuam-se

A cria que se crie, a dona que se dane.
Os insetos interiores proliferam-se assim:
Na morte e na merda.

Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.

(O Teatro Mágico)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sons do silêncio...

Procuro respostas que ninguém possui, procuro coisas que ninguém tem e que não quero querer, e nem ter de precisar.
Tenho estudado muito, odeio estudar; Tenho me sujeitado, nunca fiz isso antes e, nem levanto mais a voz... De fato, o grande falastrão, tem se transformado num "pequeno mudo"... Se tivesse parado de fumar, não seria mais eu!!!

Essas histórias de eterno devir, e ciclo infinito de transformações, já encheram meu saco.

domingo, 11 de outubro de 2009

"Esse pileque homérico no mundo".

A veracidade ou a autenticidade nas ações individuais, são pressupostos completamente necessários para que haja um relação saudável entre dois ou mais indivíduos, do contrário, as relações caem no mais obscuro dos enganos, ou das enganações.
Como diz David Hume, nossos sentidos projetam somente uma impressão acerca de cada objeto, logo (em minha analise subjetiva sobre a tese), se há mais de uma impressão referentes a um mesmo sentido, todo o conhecimento cairá por terra. Em verdade, devo concordar forçadamente com parte desse argumento Humeniano, haja vista que a convivência com determinadas pessoas tem me mostrado certas coisas que eu e muitos outros, ainda não tínhamos percebido com relação a essas mesmas e, como essas novas posturas são completamente contingentes as anteriores, todo o aspecto formado acerca desses indivíduos, foi completamente deturpado por suas próprias atitudes.
Não quero dizer com tudo isso, que todo mundo tem que assumir uma determinada postura, e defende-la com "unhas e dentes" até as últimas consequências, mas que em meio a toda mudança e, todo Devir a que estamos submetidos simplesmente por nossa condição humana, há a necessidade de assumirmos posturas que condigam com a verdade e que sejam autênticas, não para o outro, mas para nós mesmos, de modo que isso se reflita em nossos atos, e aí sim, sejam transmitidas ao outro sem enganos ou verossimilhanças, como parte do nosso caráter.
Perceber a falta de veracidade nas atitudes alheias é realmente um golpe cruel, como tem sido, mas ainda assim, não me desespero em avaliar que se realmente for filhadaputagem, não demorarei a desprezar tais pessoas e suas atitudes, mas em meio a todas as provas fáticas dessas faltas de consideração, ainda não me refuto em crer que tudo o que está se passando, trata-se apenas de mais um engano e, que quando uma das partes acordar para a realidade, tudo será dirimido da melhor maneira para ambos, mesmo que a melhor maneira, seja cada um manter-se do lado em que escolheu para si, já que esses são completamente contingentes e não podem caminhar em concomitância.

Ainda creio que tudo isso é apenas uma falta momentânea de tino, pois não seria possível tantas pessoas se enganarem dessa forma.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

José (ou Porphyrius, ou Silva, ou Souza).

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A verdade, é que minha consciência de nada me acusa!

"Não desejo ilusões, nem enfeites, nem belezas artificiais.
Refuto-me a aceitar qualquer imposição.
A liberdade é a busca da verdade.
Mostre-me a verdade, nada além desta".
Essa saiu do Blog do brother Thales, "Filosofia Subversiva".

Quando tomamos rumos que não condizem com a verdade que buscamos, algo muito maior que a "subprime" nos invade, e passamos a ter carência de pessoas que nos digam realmente o que temos feito de nossas vidas, não se trata de considerar mais o outro do que a nós mesmos, mas antes, alguém que nos diga que fizemos ou, que estamos fazendo merda.

The rain song.

Em todos nós, um pouco de chuva deve cair...

Quanta esperança há em algumas gotas de orvalho, não importa,
já é o suficiente para a natureza regozijar-se...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Postagem de número 100.

Pois é quando eu fiz esse troço, não imaginei que duraria tanto tempo e, nem que eu tomaria tanto gosto pela coisa, e aqui estou eu novamente, sentado a frente do computador 100 postagens depois.
Com toda a doideira, toda fúria, toda a insatisfação e, todo o afeto demonstrado nas postagens, o "Aborto" sobrevive -legal isso de um aborto sobrevivente- lutando contra a estagnação ideológica, política, e social que acometem os seres habitantes dessa pequena fração de universo.
Devo dizer que me sinto feliz por poder partilhar minhas idéias com quem se interessa em conhecê-las, e ainda cago e ando para os que não estão nem aí para elas, mas mesmo que ninguém se interessasse, eu escreveria, escreveria pra mim e ninguém mais, afinal as idéias são minhas, de minha inteira propriedade intelectual e, completa responsabilidade por veicula-las.
Essa postagem não serve para mais nada além disso, dizer que estou muito satisfeito com meu Blog pastelão e, que daqui a outras 100 postagens estarei de volta, criando um novo marco na história do meu estimado "Aborto Filosófico", já que a história, é criada dia após dia, experiência após experiência, postagem após postagem e assim sucessivamente...

Então caríssimos, ficamos assim, 100 postagens, 100 vergonhas, 100 escrúpulos e 100 juízos, ou 100 postagens, sem vergonhas, sem escrúpulos e sem juízos.

Vermes e Socialites.

Por mais que eu tente correr do utilitarismo, das babaquisses capitalistas, de gente burra, enfim da tal "filosofia fast-food", sempre vem um idiota me encher o saco.
Cansei de gente que corre atrás só quando precisa, que trata como "gado", que age como se fosse diferente de outros imbecis, quando na verdade é exatamente igual.
A esses e a outros mentecaptos de sua horda, tenho apenas uma consideração a fazer:

Devore sua "filosofia fast-food", engasgue-se com ela, e morra!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Pra que chutar cachorro que já tá morto?

Preciso escrever algo com mais de 140 caracteres, mas infelizmente não faço idéia alguma do que devo escrever, já que o que eu quero, eu não devo, simplesmente por uma questão ética, moral ou qualquer outra coisa que impeça um ser-humano de se referir a outrem de maneira invasiva.
De fato depois que fiz o Twitter, meio que me esqueci do Blog, mesmo que em toda vez que vou postar no tal Twitter, me lembre que o Blog, não limita minha capacidade a meros 140 caracteres me impedindo de desenvolver tudo o que se passa pela minha cabeça naquele determinado instante. Na verdade foi uma solução pacífica que eu encontrei para dirimir problemas do tipo desse, que se passa agora: Me privar de falar algo, em nome da manutenção de uma boa convivência.
Mas existem coisas que eu realmente não compreendo, coisas que eu escuto e que não desejaria escutar, situações em que me coloco desnecessariamente, e ainda, os reflexos da inconstância alheia.

É, a mão que soca mil punhais, ficou calejada!

sábado, 3 de outubro de 2009

Ética e Moral: Pressupostos fundamentais à Cidadania.

Qual o papel da moral e da ética na construção de uma sociedade fraterna e justa, onde cada um de seus membros trabalha em prol de seu bem e, por conseguinte do bem comum, senão nortear as relações de modo a propiciar, a cada um dos membros dessa sociedade, possibilidades de manter cordiais relações com os demais.
Trata-se de um fundamento Kantiano: Agir de tal modo, que sua ação possa tornar-se por si só, lei fundamental da natureza, ou seja, agir como gostaria que agissem com você. Propiciar aos indivíduos inseridos em sociedade um conhecimento tal, que tornar-se-á prazeroso tratar cordialmente seus concidadãos, haja vista que essas formas de tratamento serão recíprocas, de modo que um tratará o outro sabendo que haverá uma contrapartida de sua cordialidade por parte do outro.
Obviamente essas questões tratadas acima, são apenas considerações utópicas do que deve ser uma sociedade, e nem pretendo com esse, dizer como serão dirimidos os problemas que assolam as sociedades hodiernas, mas afirmo com absoluta certeza que todas as possíveis soluções, passam pela cidadania, enquanto essa, passa pela educação, que por sua vez, depende diretamente da informação.
Disso tudo, surge a grande questão: Como tornar livre um Povo sem informação? Antes de implantarmos qualquer projeto, devemos observar a necessidade de levar ao conhecimento do Povo, o poder que esse possui em conformidade aos dispositivos legais vigentes no Estado que nos acolhe. Partindo desses conhecimentos preliminares dos direitos e deveres intrínsecos a todo cidadão inserido em uma democracia, podemos passar a um nível de convivência social muito mais elevado, onde cada elemento constituinte dessa sociedade tem capacidade de fato, para exigir dos encarregados da organização política do Estado uma postura condizente às necessidades do todo e consequentemente, as de cada indivíduo, sendo que ao tratar do todo, cria-se condições para que cada um dos membros dessa sociedade possa buscar seus fins gerais.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O banheiro é a igreja de todos os bebados!

Hoje eu rezarei!


Dentro da Noite Veloz.

I

Na quebrada do Yuro
eram 13,30 horas
(em São Paulo
era mais tarde; em Paris anoitecera;
na Ásia o sono era seda)
Na quebrada do rio Yuro
a claridade da hora
mostrava seu fundo escuro:
as águas limpas batiam
sem passado e sem futuro.
Estalo de mato, pio
de ave, brisa nas folhas
era silêncio o barulho
a paisagem
(que se move)
está imóvel, se move
dentro de si
(igual a uma máquina de lavar
lavando sob o céu boliviano, a paisagem
com suas polias e correntes de ar)
Na quebrada do Yuro
não era hora nenhuma
só pedras e águas

II

Não era hora nenhuma
até que um tiro
explode em pássaros
e animais até que passos
vozes na água rosto nas folhas
peito ofegando a clorofila
penetra o sangue humano
e a história se move a paisagem
como um trem começa a andar
Na quebrada do Yuro eram 13,30 horas

III

Ernesto Che Guevara
teu fim está perto
não basta estar certo
para vencer a batalha
Ernesto Che Guevara
Entrega-te à prisão
não basta ter razão
pra não morrer de bala
Ernesto Che Guevara
não estejas iludido
a bala entra em teu corpo
como em qualquer bandido
Ernesto Che Guevara
por que lutas ainda?
a batalha está finda
antes que o dia acabe
Ernesto Che Guevara
é chegada a tua hora
e o povo ignora
se por ele lutavas

IV

Correm as águas do Yuro, o tiroteio agora
é mais intenso, o inimigo avança
e fecha o cerco.
Os guerrilheiros
em pequenos grupos divididos
agüentam a luta, protegem a retirada
dos companheiros feridos.
No alto,
grandes massas de nuvens se deslocam lentamente
sobrevoando países
em direção ao Pacífico, de cabeleira azul.
Uma greve em Santiago. Chove
na Jamaica. Em Buenos Aires há sol
nas alamedas arborizadas, um general maquina um golpe.
Uma família festeja bodas de prata num trem que se aproxima
de Montevidéu. À beira da estrada
muge um boi da Swift. A Bolsa
no Rio fecha em alta ou baixa.
Inti Peredo, Benigno, Urbano, Eustáquio, Ñato
castigam o avanço dos rangers .
Urbano tomba, Eustáquio
Che Guevara sustenta
o fogo, uma rajada o atinge, atira ainda, solve-se-lhe
o joelho, no espanto
os companheiros voltam
para apanhá-lo. É tarde. Fogem.
A noite veloz se fecha sobre o rosto dos mortos.

V

Não está morto, só ferido
Num helicóptero iangue
é levado para Higuera
onde a morte o espera
Não morrerá das feridas
ganhas no combate
mas de mão assassina
que o abate
Não morrerá das feridas
ganhas a céu aberto
mas de um golpe escondido
ao nascer do dia
Assim o levam pra morte
(sujo de terra e de sangue)
subjugado no bojo
de um helicóptero ianque
É seu último vôo
sobre a América Latina
sob o fulgir das estrelas
que nada sabem dos homens
que nada sabem do sonho,
da esperança, da alegria,
da luta surda do homem
pela flor da cada dia
É seu último vôo
sobre a choupana de homens
que não sabem o que se passa
naquela noite de outubro
quem passa sobre seu teto
dentro daquele barulho
quem é levado pra morte
naquela noite noturna

VI

A noite é mais veloz nos trópicos
(com seus na vertigem das folhas na explosão
monturos) das águas sujas
surdas
nos pantanais
é mais veloz sob a pele da treva, na
conspiração de azuis
e vermelhos pulsando
como vaginas frutas bocas
vegetais (confundidos com sonhos)
ou um ramo florido feito um relâmpago
parado sobre uma cisterna d´água
no escuro
É mais funda
a noite no sono
do homem na sua carne
de coca e de fome
e dentro do pote uma caneca
de lata velha de ervilha
da Armour Company
A noite é mais veloz nos trópicos
com seus monturos
e cassinos de jogos
entre as pernas das putas
o assalto a mão armada
aberta em sangue a vida.
É mais veloz (e mais demorada)
nos cárceres
a noite latino-americana
entre interrogatórios
e torturas (lá fora as violetas)
e mais violenta (a noite)
na cona da ditadura
Sob a pele da treva, os frutos
crescem
conspira o açúcar
(de boca para baixo) debaixo
das pedras, debaixo
da palavra escrita no muro
ABAIX
e inacabada Ó Tlalhuicole
as vozes soterradas da platina
Das plumas que ondularam já não resta
mais que a lembrança
no vento
Mas é o dia (com seus monturos)
pulsando dentro do chão
como um pulso
apesar da South American Gold and Platinum
é a língua do dia
no azinhavre
Golpeábamos en tanto los muros de adobe
y era nuestra herencia una red de agujeros
é a língua do homem
sob a noite
no leprosário de San Pablo
nas ruínas de Tiahuanaco
nas galerias de chumbo e silicose
da Cerro de Pasço Corporation
Hemos comido grama salitrosa
piedras de adobe lagartijas ratones
tierra en polvo y gusanos
até que
(de dentro dos monturos) irrompa
com seu bastão turquesa

VII

Súbito vimos ao mundo
E nos chamamos Ernesto
Súbito vimos ao mundo
e estamos
na América Latina
Mas a vida onde está
nos perguntamos
Nas tavernas?
nas eternas tardes tardas?
nas favelas
onde a história fede a merda?
no cinema?
na fêmea caverna de sonhos
e de urina?
ou na ingrata
faina do poema?
(a vida
que se esvai
no estuário do Prata)
Serei cantor
serei poeta?
Responde o cobre (da Anaconda Copper):
Serás assaltante
E proxeneta
Policial jagunço alcagueta
Serei pederasta e homicida?
serei o viciado?
Responde o ferro (da Bethlehem Steel):
Serás ministro de Estado
e suicida
Serei dentista
talvez quem sabe oftalmologista?
Otorrinolaringologista?
Responde a bauxita (da Kaiser Aluminium):
serás médico aborteiro
que dá mais dinheiro
Serei uma merda
quero ser uma merda
Quero de fato viver?
Mas onde está essa imunda
vida – mesmo imunda?
No hospício?
num santo
ofício?
no orifício da bunda?
Devo mudar o mundo,
a República? A vida
terei de plantá-la
como um estandarte
em praça pública?

VIII

A vida muda como a cor dos frutos
lentamente
e para sempre
A vida muda como a flor em fruto
velozmente
A vida muda como a água em folhas
o sonho em luz elétrica
a rosa desembrulha do carbono
o pássaro da boca
mas
quando for tempo
E é tempo todo o tempo
mas
não basta um século para fazer a pétala
que um só minuto faz
ou não
mas
a vida muda
a vida muda o morto em multidão".
José Ribamar Ferreira
(Ferreira Gular)