sexta-feira, 28 de maio de 2010

Sacanagem...

Um pastor de ovelhas estava cuidando de seu rebanho, quando surgiu pelo inóspito caminho uma Pajero 4x4 toda equipada. Parou na frente do velhinho e desceu um cara de não mais que 30 anos, terno preto, camisa branca Hugo Boss, gravata italiana, sapatos moderníssimos bicolores, que disse:
- Senhor, se eu adivinhar quantas ovelhas o senhor tem, o senhor me dá uma?
- Sim, respondeu o velhinho meio desconfiado.
Então o cara volta pra Pajero, pega um notebook, se conecta, via celular, à internet, baixa uma base de dados, entra no site da NASA, identifica a área do rebanho por satélite, calcula a média histórica do tamanho de uma ovelha daquela raça, baixa uma tabela do Excel com execução de macros personalizadas, e depois de três horas, diz ao velho:
- O senhor tem 1.324 ovelhas, e quatro podem estar grávidas.

O velhinho admitiu que sim, estava certo, e como havia prometido, poderia levar a ovelha.
O cara pegou o bicho e carregou na sua Pajero.
Quando estava saindo, o velho perguntou:
- Desculpe, mas se eu adivinhar sua profissão, o senhor me devolve a ovelha?
Duvidando que acertasse, o cara concorda.
Em 30 segundos o velho diz:
- O senhor é advogado!?!?!
- Incrível! Como adivinhou?
- Quatro razões:
- Primeiro, pela frescura;
- Segundo, veio sem que eu o chamasse;
- Terceiro, me cobrou para dizer algo que já sei..
- E quarto, nota-se que não entende merda nenhuma do que está falando: devolve já o meu cachorro!!!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mas virá o dia em que...

"A verdade vai surgir
Nem alegria e nem tristeza
Será o dia do alívio

A missão é seu escudo
E a verdade sua espada"

(Forfun)

sábado, 15 de maio de 2010

"O que mais pode-se dizer?"

Tereza.

A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sem "Agudez de Espírito"...

“Entrai vós que amais”...

Fui à diante, passei pela porta que se apresentava à minha frente, mas não sabia o que esperar dos cômodos e corredores que se abririam durante o trajeto. Podia sentir as correntes de ar que circulavam por ali (ou será que era frio na barriga?), não via o que passava pelo caminho, pois não havia luz no ambiente, eram as palavras sussurradas que me orientavam cada passo. Passei cômodo à cômodo, corredor pós corredor até chegar a uma imensa biblioteca aparentemente vazia, e que não era graças a um dicionário deixado quase sem-querer em um canto no meio da sala clara, que era redonda.
Olhei para o livro e pensei poder encontrar no étimo, respostas que ensejassem matar a sede de beber o gosto que até então, era desconhecido. Busquei em cada vernáculo um sentido que trouxesse a tona qualquer verdade mais que a minha, e das palavras de um professor, ouvi que melhor sorte tem os pobres de poesia, pois estes gozam com os olhos.

“Chorai vós que entrais”...

Escolhi labutar as palavras, e este não é menor labor do que aquele que constrói as estradas e edifica as cidades. Carrego tanto peso dos versos, quanto carregam os homens da estiva o peso do progresso. É ingrata a faina do versejar que -já disse- jamais encontra alívio... a palavra não pergunta nem perdoa, ela vem se quer e se arranca só, mas o faz quando apenas deseja.
É poeta aquele que aceita da palavra o pouco que ela oferece desse muito que ela tem a dar. E o poeta se perde em devaneios de lides incessantes, e noites que não acabam; fosse eu um Romântico, me acabaria em Absinto de anis e éter (ou cicuta), mas não antes da pneumonia, e só porque gosto mais da sublime explosão dos valores naturais, fico com o bucólico Árcade e sonho com campos e pastagens onde a brisa não se confunde ao frio na barriga.
Se o texto soa poético, é porque a vida própria dele assim deseja. Se entre fantasias vivem os poetas, eu quando sonho com cheiro de menina, acordo em meio à madrugada, e a palavra, é quem me beija.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Fluxo...

Se o instante existe merece meu cantar, já dizia Cecília Meireles, e o que canto vem de mim, é o canto tudo o que tenho, todas as palavras que são minhas, e me deixam livres para serem o que quiserem em quem desejarem. Assim também vêm a mim, livres e de alguém para que em mim possam florescer.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Em linhas de vãs opiniões...

Parto, e quando o faço, estou em pedaços. Desfaçatez minha achar que ficaria inteiro após tantas batalhas travadas no calor do fogo da minha própria ira. O efêmero e o fugaz chegam furtivamente, e tomam tudo quanto podem em pouco tempo, mas o constante, o perene, não... Eles chegam e vão ficando, te tirando cada vez mais, levando sempre um pouco a mais do que antes, até tomar tudo o que já não mais é grata posse. Quão injusta é a troca que se mostra: todas as essências, em favor do leonino peso dos dias que terminam por escorrer cristalinos entre as pálpebras.
Ante a necessidade de expurgar cada sopro de vontade suprimida, cada gesto cortado, debalde é o esforço que faz perambular por entre corredores sujos e de paixões pérfidas. Assaz infetuoso é o sentido que se mostra na expressão tomada ao pé-da-letra.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

"Como se pastoreia o Gado"...

Dum singelo espetáculo quase indecifrável, se revela de forma simplória o valor natural que nada pode ser se não é uma totalidade em si mesmo. Algo que encontra em si seus próprios fundamentos e preceitos, sem jamais precisar de motivo para ser. Em suma, o Ser que É.
Um bucólico "Tratado Sobre o Sublime", que compulsa sobre tudo que impele ao que é apresentado como belo. Não o que se mostra como esteticamente belo, mas o belo em sua essência, "O Apolo que estando sob o poder dum ímpio fado, desce dos céus brilhantes para pastorear gado" como versejou Tomás Antônio Gonzaga, mas não sem ter sido precedido por Heráclito quando este versava sobre um Ser que carrega em seu seio todas as suas próprias contradições.
É esse o veraz antagonismo que encontra seu contraste na harmonia entre Pínia e Poros, que faz surgir Eros, o que não é belo nem disforme, é sofista e filósofo, não é eterno nem mortal, hora floresce bem vivo, mas depois perece sem ânimo para novamente renascer sendo o que só ele sabe ser... Uma totalidade em si mesmo.