sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sem "Agudez de Espírito"...

“Entrai vós que amais”...

Fui à diante, passei pela porta que se apresentava à minha frente, mas não sabia o que esperar dos cômodos e corredores que se abririam durante o trajeto. Podia sentir as correntes de ar que circulavam por ali (ou será que era frio na barriga?), não via o que passava pelo caminho, pois não havia luz no ambiente, eram as palavras sussurradas que me orientavam cada passo. Passei cômodo à cômodo, corredor pós corredor até chegar a uma imensa biblioteca aparentemente vazia, e que não era graças a um dicionário deixado quase sem-querer em um canto no meio da sala clara, que era redonda.
Olhei para o livro e pensei poder encontrar no étimo, respostas que ensejassem matar a sede de beber o gosto que até então, era desconhecido. Busquei em cada vernáculo um sentido que trouxesse a tona qualquer verdade mais que a minha, e das palavras de um professor, ouvi que melhor sorte tem os pobres de poesia, pois estes gozam com os olhos.

“Chorai vós que entrais”...

Escolhi labutar as palavras, e este não é menor labor do que aquele que constrói as estradas e edifica as cidades. Carrego tanto peso dos versos, quanto carregam os homens da estiva o peso do progresso. É ingrata a faina do versejar que -já disse- jamais encontra alívio... a palavra não pergunta nem perdoa, ela vem se quer e se arranca só, mas o faz quando apenas deseja.
É poeta aquele que aceita da palavra o pouco que ela oferece desse muito que ela tem a dar. E o poeta se perde em devaneios de lides incessantes, e noites que não acabam; fosse eu um Romântico, me acabaria em Absinto de anis e éter (ou cicuta), mas não antes da pneumonia, e só porque gosto mais da sublime explosão dos valores naturais, fico com o bucólico Árcade e sonho com campos e pastagens onde a brisa não se confunde ao frio na barriga.
Se o texto soa poético, é porque a vida própria dele assim deseja. Se entre fantasias vivem os poetas, eu quando sonho com cheiro de menina, acordo em meio à madrugada, e a palavra, é quem me beija.

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