quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Quem conta um conto...

Eu já andei só pela cidade, transitando quase sem rumo, por várias calçadas escuras que se abriam clandestinamente, no correr de estranhas e silenciosas noites que pareciam não acabar. Já andei pelo dia também, mas a noite, é que se nos revelam os rostos que o sol ofusca, e não nos permite enxergar.
Andar pelas ruas marginais da cidade pode causar certa estranhes aos menos conhecedores da vida boêmia -não a boemia dos belos bares da cidade, mas aquela que acontece sob os viadutos, ou ao lado das rodoviárias...
Numa dessas noites, vejo um homem, deitado no chão frio, me parecia sujo, de mijo, merda e restos mortais de algum inseto, ou qualquer desses animais asquerosos, freguentadores dos bueiros podres que nos cercam, eu o vi numa dessas ruas ao lado da Zona, ele, o homem, estava subjugado. Mas por quem? Por ele mesmo, por um sistema falho, por mim!?
De fato é assustador ver as ruas mais movimentadas da cidade, vazias, quase como se fossem "terra e ninguém", mas o pior é ver os "donos da cidade", após ela se transformar em coisa abandonada... Um Sr. Alguém, que hora respira de maneira frenética um saco de cola-de-sapateiro -como se aquilo fosse um remédio para sua dor-, hora larga sua droga para gritar com uma sombra -ou outro vulto- que não existe fora de seus delírios; Os traficantes, os ladrões, facínoras de toda sorte e, as prostitutas -amantes, tristes e fieis-, enfim seres noctívagos de todas as espécies e, de vários tipos caráter inescrupuloso; são homens dia dúplice e várias vagas noites de abandono... Mas o que houve com as belas moças que transitavam pelo centro da cidade, com os homens, elegantes em seus ternos quentes e, que andavam apressados para seus trabalhos, com o comércio movimentado ou, com os velhos, que jogavam damas e vendiam armas à exíguos preços, furtivamente sob a luz do meio dia? Foi só as luzes se apagarem, para todos sumirem, imergirem-se em suas casas e vidas sem dono... Os outros, esses "donos da cidade abandonada", com o entardecer do dia e o cessar das luzes, emergiram, como Morlocks saem de dentro de seus bueiros, para dominar a cidade e viver suas vidas cegas e sem dono; Mas todos subjugados, sempre submetidos uns aos outros...

A Cidade usa uma mascara, mas qual é sua verdadeira face?

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