domingo, 14 de março de 2010

Ao som de "Hotel Califórnia"...

Eu precisava de apenas uma palavra agora, uma única que está perdida num dos vários bolsos da calça ou nas gavetas da memória. Num daqueles bolsos que não esvaziamos nunca ou, nessas gavetas que são trancadas para que seu conteúdo não seja visto nem lembrado.
Nunca guardei muitos objetos por vontade própria, boa parte dos que ficaram, ainda estão aqui por que entraram pro armário e me esqueci de tirar. Mas o bom Deus me agraciou com uma memória tão infame que não me deixa esquecer de nada, então guardo as lembranças, todas elas. Algumas em caixas hermeticamente fechadas para que nada escape, outras ficam ali bem ao alcance das mãos, mas sem jamais serem tocadas.
Às vezes eu queria um alfabeto de 52 letras, ou um dicionário com um milhão de palavras, talvez assim fosse mais fácil escrever cada linha de um texto imoral que não merece atenção, mas são sempre quatro as palavras que ficam para trás sem jamais serem ditas ou escritas, e talvez sejam essas as únicas realmente relevantes, mas ainda assim, as guardo, ou no máximo deixo subentendidas, e como -quase- bom observador que sou, sei que desejar que tais palavras fossem interpretadas de acordo com minhas intenções seria pedir demais.

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