quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sem dizer A...

Não era pouco, possuía tamanho incomensurável e era estranho de sentir.
Provavelmente eu nunca diria exatamente o que era, deixaria tácito em cada linha, em cada palavra, para que fosse lido, imaginado, questionado ou só sentido. Algo que me impeliu ao que me era afigurado como belo, digno ou grandioso. Coisa que me fez te constituir como uma Diotima de Mantinea, me fazendo lembrar do que eu já havia esquecido.
A coisa essencialmente boa, nunca é somente aprazível, mas antes, traz em seu seio todas as suas próprias contradições, e as impõe a quem se submeta a si. Ouvir dói, não ouvir é lancinante, falar da medo e o silêncio avilta; ver e se aproximar, são o ápice da insegurança. Mas tudo isso é consolo, e alívio para "um coração que frouxo, a grata posse de seu bem difere" como postulou magnificamente o "Poeta da Inconfidência", quando versava sobre as agruras de um querer maior.
A si próprio roubar, e a si próprio ferir... Até os antigos deuses ousaram se desdivinizar para submeterem-se a tal sensação. Isso não pode ser pouco. Ouvi dizer que era segredo, então não direi o que posso sentir, mas sinto, muito, mesmo não sabendo dizer.

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